quarta-feira, 29 de abril de 2015

Videogames tem a capacidade de mudar as pessoas?

Hoje quero falar de um assunto um pouco mais sério. Videogames podem realmente mudar a vida, personalidade, princípios de uma pessoa ou um grupo de pessoas? Primeiro de tudo, quero deixar algo claro; eu já falei sobre isso aqui no blog, mas videogame não torna ninguém um assassino.

Se uma criança matou os amigos, pais, ou seja lá o que for, essa criança é um psicopata e ninguém se torna um psicopata da noite para o dia; ninguém se torna um psicopata porque jogou um jogo de assassinos e da mesma forma, ninguém vai passar a ser homossexual por ter visto um beijo gay na novela e ninguém vai virar nazista depois que ler o diário de Hitler. Eu estou fugindo do assunto, são casos completamente diferentes, mas que abordam basicamente o mesmo tema.


Entretanto, não é segredo para ninguém que filmes e livros transmitem sentimentos e inspiram pessoas, jogos fazem o mesmo, só que na teoria, de forma mais eficiente, pois se lendo um livro você percebe detalhadamente o que o personagem sente, em um jogo você sente detalhadamente o que o personagem vive, pois você está literalmente controlando suas ações.

Vou dar um exemplo bastante fácil de entender: o Horror. Segundo o Dicionário Online, horror é a impressão física de repulsão, espanto, causada por algo medonho; então se você está lendo um livro de Stephen King ou assistindo um filme de terror, você vai, em determinados momentos se assustar e ficar com aquele sentimento de nervosismo, porém em um jogo de terror como Silent Hill a tensão é ainda maior, pois se o personagem se assustar, o jogador vai se assustar ainda mais.

Isso serve para tudo, se em um filme qualquer o personagem corta o dedo, o espectador tem a falsa impressão momentânea de que seu dedo também doeu e da mesma forma é comum a pessoa que está jogando falar “aaai” ou “ouch” quando seu personagem leva dano e até mesmo quando ele morre (um bom exemplo é quando a Lara Croft cai de um lugar muito alto).


Enfim, onde eu quero chegar é, da mesma forma que filmes, livros e música expressam sentimentos e até nos fazem sentir coisas, jogos também, então não é errado falar que a pessoa foi influenciada por jogo, mas tentar culpar videogames pela violência de uma pessoa já é exagero.

Voltando ao assunto principal do post, se livros, filmes e jogos tem a capacidade de nos fazer sentir coisas e até vivenciar o que o protagonista está vivendo, ele pode mudar a vida de alguém? Livros já mudaram a vida de alguém? E filmes?  Vou fazer um relato pessoal sobre como jogos mudaram minha vida.


O primeiro e segundo ano do ensino médio foram os piores anos da minha vida! Motivo? Bullying (não estou falando do jogo), mas não foi nada de mais, eu sofri bullying em diversas fases da minha vida e já sofri todo o tipo de bullying e posso dizer que o moral e psicológico são os piores, chegam a ser piores que o físico, pois se alguém te bate, outras pessoas vão perceber, inclusive seus pais que vão cobrar uma explicação da escola e a escola, consequentemente, vai cobrar uma explicação de seus colegas.

Então os adultos podem proibir os estudantes de baterem em você, mas eles não podem obrigar as pessoas a gostarem de você e é isso que é o bullying psicológico, exclusão. Existiam vários grupos na minha escola, isso é normal, existe em toda escola, mas eu era excluído de todos os grupos, ninguém gostava de mim e só me chamavam para os trabalhos escolares por causa das minhas notas (sempre tem aqueles FDPs que só querem se aproveitar de você).

Mais ou menos nessa época tava lançando o anime do jogo Persona 4 e a hype durante esse período era gigantesca, pouco depois eu comprei um PS2 e fui dar uma olhada nesse Persona 4, mas achei melhor antes dar uma olhada no Persona 3 (ainda bem que eu fiz isso, eu achei P3 muito melhor que P4, embora muitos fãs discordem de mim).


Persona 3 se trata de um RPG com elementos de Visual Novel. Nesse jogo existe uma doença muito grave na qual a pessoa perde grande parte da capacidade cognitiva e a causa disso é um grupo de monstros conhecidos como Shadow, poucas pessoas sabem a existência dos Shadows, pois eles só aparecem durante uma hora escondida que só quem tem habilidade de perceber essa hora pode lutar contra shadows.

Persona é uma palavra em latim que expressa basicamente a forma como você é visto pela sociedade. No jogo, para lutar contra os Shadows, os protagonistas tem que usar a personificação física de seus Personas, que está diretamente ligado ao psicológico deles. Existem vários tipos de Personas e eles são divididos de acordo com as cartas do Tarô e cada um representa um tipo de personalidade.


Como a personalidade do protagonista depende de quem o controla, ele tem uma personalidade neutra, ou seja, ele pode ter qualquer tipo de Persona (diferente dos outros personagens, que só podem ter um Persona), assim o jogador tem uma liberdade maior de escolher o Persona que ele quiser. Mas o que esse jogo tem de mais que mudou assim a minha vida?

Esse jogo, ele pode ser dividido em duas parte, as lutas (RPG) e os diálogos que, como eu já disse, tem elementos de Visual Novel. Quando não está lutando contra Shadows, o protagonista é um estudante comum, ele tem status de inteligência, coragem e popularidade e as atividades que ele faz vai aumentar esses status. Se o protagonista fizer uma amigo, digamos que tenha uma personalidade de A Justiça (carta de tarô) quanto mais amigo o protagonista for dessa pessoa, mais forte seus Personas do tipo Justiça serão, então é inevitável no jogo você fazer amigos e fazer de tudo para aumentar o nível de amizade.

Você deve estar pensando “não me diga que o jogo mudou sua vida por você não ter amigo na vida real e fez amigos virtuais”, basicamente, sim, mas não é exatamente isso que eu quero passar para vocês.

No jogo, as pessoas que são seus amigos tem problemas pessoais e a media que você for ficando mais amigo dela, ela vai se sentir íntimo o suficiente para se abrir com você em relação aos seus problemas e até te pedir conselhos (e dependendo da sua resposta, a pessoa pode ou não ficar mais amigo de você).

Então você vai encontrar, por exemplo, um colega de classe que namora uma professora e precisa de seu apoio, já que muitas pessoas não aprovam isso. Você vai encontrar também um cara que tem câncer e seu sonho é ser um escritor infantil, então você vai percebendo nas histórias que ele cria que todas tem um final triste, isso porque ele já aceitou a morte e sabe que seu final é triste e precisa de seu apoio. Você pode encontrar também uma menina (que tem metade da idade do protagonista) que gosta de brincar no parque e sempre te chama para brincar e o problema dela é que seus pais estão se divorciando e ela acha que é por causa dela, ela passa a achar que os pais não a amam.


Enfim, você vai encontrar muitas pessoas que tem problemas reais, inclusive muitos desses problemas podem acabar acontecendo com você na vida real e esses problemas podem te fazer se sentir inseguro, assim como o bullying que eu sofria me deixava inseguro e me fazia pensar que o porque das pessoas não gostarem de mim, era por minha causa, que eu não era uma pessoa boa para se conviver e isso me deixava com baixa autoestima.

Depois que eu joguei, passei a ver essa minha situação de forma diferente e aprendi muita coisa nesse jogo que eu nunca aprenderia em lugar nenhum e tive lições para a vida toda. Hoje em dia, ainda bem, eu não sou mais tão solitário e sou bem aceito na faculdade, superei a minha situação ruim e parte disso eu devo ao jogo, que até hoje é um dos meus jogos favoritos (para vocês terem uma ideia, eu zerei com quase 130 horas).

Então é isso, esse é o meu relato pessoal sobre como videogames mudaram a minha forma de pensar e de ver o mundo, mas eu acredito que videogames podem fazer muito mais, até mesmo mexer em assuntos delicados, por exemplo, opinião política; vou dar um exemplo que surgiu na minha cabeça: Será que jogar GTA pode mudar a opinião de alguém em relação a pena de morte? O que vocês acham?



Enfim, é basicamente isso, espero que tenham gostado. Desejo tudo de bom para vocês e até a próxima.

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